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26 de agosto de 2012

EDUFBA lança o livro Educação e ruralidades: memórias e narrativas (auto)biográficas, de Elizeu Clementino de Souza (Org.)





Organizado por Elizeu Clementino de Souza e publicado pela Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), o livro Educação e ruralidades: memórias e narrativas (auto)biográficas será lançado no dia 28 de agosto, às 17h, durante o Seminário de Formação, no Auditório Jurandir Oliveira, no Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador.

Esta obra parte do seguinte questionamento: teriam os educadores que pensar no rural e em seus problemas? A partir disso, discute questões teórico-metodológicas e aprofunda dimensões vinculadas às práticas educativas, especificamente nos diversos domínios da pesquisa (auto)biográfica, focalizando os dispositivos de atuação docente em contextos educativos rurais.

Dividido em três eixos temáticos, que envolvem desde a formação docente no contexto da educação rural até questões relacionadas a processos migratórios, este livro busca contribuir, também, para o debate contemporâneo sobre as ruralidades no campo educacional brasileiro.

Serviço

O quê: Lançamento do livro Educação e ruralidades
Quando: 28 de agosto, terça-feira, às 17 horas
Onde: Auditório Jurandir Oliveira; Rua Silveira Martins, 2555, Cabula, Salvador
Preço especial do livro: 40,00
Informações adicionais sobre o livro
ISBN: 978-85-232-0971-1          Área: Educação
Formato: 16 x 24 cm                   Número de páginas: 465
Ano: 2012

Seminários de Pesquisa e Extensão do Extremo Sul da Bahia





O Departamento de Educação Campus X/UNEB, ao longo de sua história vem desempenhando um importante papel na região do Extremo Sul da Bahia formar educadores e especialistas na área da educação. Nesse sentido, as atividades de pesquisa e extensão partem do princípio de interlocução entre universidade e comunidade, na busca de soluções conjuntas para os problemas da realidade sociocultural, ao mesmo tempo em que ressignifica suas ações fortalecendo a tríade pesquisa, ensino e extensão.

Os Seminários de Pesquisa e Extensão do Extremo Sul da Bahia, promovido pelo Departamento de Educação Campus X/UNEB, desde o ano de 2002 vem se constituindo num evento de considerável relevância social, política, cultural e científica porque aglutina profissionais da educação, pesquisadores e discentes de graduação e pós-graduação da região e de outras localidades. Tem como finalidade divulgar o conhecimento historicamente sistematizado e debater acerca de questões do ensino, da pesquisa e das atividades extensionistas que a universidade e os sujeitos sociais realizam dentro e fora dela.

A sexta edição do Seminário elegeu como temática geral FORMAÇAO HUMANA, CURRICULO E PRÁXIS SOCIAL. Desse modo, o VI Seminário de Pesquisa e Extensão do Extremo Sul da Bahia (VI Sepex) constitui-se, portanto, em um espaço privilegiado de socialização do conhecimento, de troca de saberes, de perspectivas e questionamentos em busca de novas reflexões, críticas e de produção acadêmica de caráter investigativo de caráter interdisciplinar.

Nos dias de seminário, serão desenvolvidas atividades como: conferências, palestras, mesas redondas, comunicações de pesquisa, relatos de experiências, feiras culturais, fóruns, pôsteres, rodas de conversas, minicursos e outros. Além da programação técnico-científica, o seminário tem se constituído em um espaço de apresentações de projetos artístico-culturais coordenados pelos docentes do DEDC X bem como da comunidade regional.


>> INSCRIÇÕES DE TRABALHOS PRORROGADAS ATÉ O DIA 31/08/2012 <<


Para efetuar a inscrição no evento é necessário:
  • Preencher o formulário on-line de inscrição.
  • Efetuar o pagamento da taxa de inscrição de acordo com a tabela dada.
  • O pagamento deve ser efetuado no Banco do Brasil, agência 1289-0, conta poupança 46.298-5, variação 51. >>NOVO<<
  • É obrigatório enviar para o e-mail sepexcampusx@gmail.com o comprovante da taxa de inscrição digitalizado.
  • Caso seja estudante é obrigatório enviar para o e-mail sepexcampusx@gmail.com o comprovante de matrícula digitalizado.
  • Não é obrigatória a inscrição de trabalho para participar do evento. Pode-se participar como ouvinte com direito a certificado de participação e outros materiais distribuídos aos participantes.
  • A participação seja em um ou dois trabalhos implica no pagamento de apenas uma inscrição.
  • Não será aceito cancelamento. Na impossibilidade de comparecimento do participante, somente será aceita a substituição por outra pessoa.
Taxas de inscrição no evento
CATEGORIA
ATÉ 21/09/2012
A PARTIR DO DIA 22/09/2012
Discentes
R$ 25,00
R$ 35,00
Profissionais
R$ 40,00
R$ 45,00

15 de agosto de 2012

Lições de inovação: Revista de circulação Nacional apresenta Vera Cruz como modelo de inovação no processo educacional

A Revista Educação do grupo Segmento, de circulação Nacional, apresenta o Municipio de Vera Cruz como modelo de inovação no processo educacional brasileiro.Parabéns a toda equipe educacional do municipio especialmente os alunos e professores da Escola Maria Geralda da Conceição, citada na reportagem.

Revista Educação de Agosto de 2012.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/184/licoes-de-inovacaocomo-escolas-publicas-brasileiras-conseguiram-envolver-os-pais-264798-1.asp

Lições de inovação

Como escolas públicas brasileiras conseguiram envolver os pais nas tarefas escolares, mesmo quando não tinham repertório para isso, e melhoraram o desempenho de seus alunos


Carmen Guerreiro
Silvano Sulzarty/Divulgação
A professora de língua portuguesa, Miraildes Bispo, da Escola Municipal Maria Geralda da Conceição, BA: com o aumento da lição de casa, os resultados já são percebidos

Em 2009, a rede municipal de educação de Vera Cruz, município do interior da Bahia, decidiu enfrentar o mesmo dilema de muitas escolas e redes brasileiras que atendem a uma população mais pobre: sendo a maioria dos pais iletrada e trabalhando fora em diversos turnos, pouco ou nada conseguiam ajudar seus filhos com as tarefas que traziam da escola para casa. Seja por desestímulo, por falta de cobrança ou por dúvidas que não podiam ser respondidas pelos pais, os estudantes acabavam por ignorar a lição de casa. Mas em vez de diminuir o ritmo do dever, a rede o aumentou. Isso com o compromisso de que, no dia seguinte, na escola, o aluno tivesse a oportunidade de se sentar junto a um professor para corrigir a atividade. Os estudantes têm a opção, ainda, de fazer a lição de casa no contraturno, já que as escolas passaram a funcionar em período integral e reservam um tempo para essa atividade, com um professor para orientar e tirar as dúvidas. 
"A lição serve como reforço às atividades da sala de aula para estimular o aluno com uma abordagem interessante que faça resumo do que foi ministrado em classe, para que ele crie esse vínculo de aprender e estudar em grupo ou sozinho", afirma Silvano Sulzarty, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e coordenador pedagógico da Escola Maria Geralda da Conceição, uma das 53 da rede de Vera Cruz. Sulzarty conta que a reação de muitos pais em princípio foi negativa, porque o contraturno, usado também para o reforço da lição, impedia os jovens de trabalhar. "Estamos em uma região que infelizmente ainda tem muito trabalho infantil, por isso muitas crianças ficavam sem fazer as lições de casa devido à falta de tempo ou ao esgotamento em que chegavam em casa à noite, por estarem trabalhando." Com o tempo, a reação diminuiu e os resultados apareceram. Sulzarty conta que o desempenho dos alunos melhorou cerca de 60% por causa da iniciativa, mas que em algumas escolas esse índice chega a 80% (isso é avaliado por provas semestrais desde que as mudanças foram implementadas).

Crianças investigadoras

Da Bahia ao Ceará, a mesma questão: a falta de envolvimento dos pais (ou interferência negativa) também fazia com que as crianças da Escola Municipal de Educação Infantil José Perboyre Sampaio Sabiá, em Juazeiro do Norte, tivessem pouco ou nenhum envolvimento com a lição. "Percebemos que elas não tinham acompanhamento em casa, não tinham estudo dirigido, e isso dificultava o nosso trabalho", conta Lygia de Oliveira, diretora da escola. "Quando havia um feriado, por exemplo, ou não havia aula, os alunos retrocediam." Isso quando a lição não vinha feita pelos pais, perdendo completamente o seu propósito. Para manter o contato com o conhecimento e atividades voltadas para o desenvolvimento infantil constantes, a equipe pedagógica da escola elaborou o projeto De Casa Para Sala/ Da Sala Para Casa. O objetivo da iniciativa é dar continuidade ao trabalho feito em sala de aula, enviando propostas de leitura, pesquisa de informações e propostas de atividades lúdicas relacionadas ao que foi trabalhado em classe naquele dia, para estimular o espírito investigador das crianças e envolver os pais nas atividades.

Diferentemente da lição de casa tradicional, focada na reprodução de exercícios que geram um padrão semelhante, o propósito do projeto é que as próprias crianças usem como base seus conhecimentos prévios e pessoais, juntem a isso o que aprenderam na sala de aula, pesquisem novos saberes e criem algo novo que reflita o processo de aprendizado. "É a criança construir por ela mesma. É fazê-las pensar sobre o que estão produzindo, desenvolver um senso crítico. A criança compreende melhor o mundo dessa forma, porque observa e, sozinha, espontaneamente, faz suas descobertas", diz Lygia. Em paralelo, a escola passou a chamar mais os pais para atividades no ambiente escolar, tanto em reuniões, quanto em atividades de estímulo à leitura e empréstimo de livros. Tomadas pelo gosto de ler, as famílias tenderam a se envolver mais com a vida escolar dos filhos.

Internet e incentivo

Despertar o interesse da família pela vida escolar e, por consequência, pela lição de casa dos filhos, foi a mesma solução encontrada pela professora Taiz Helene Valenzuela, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Associação da Paz, em Paragominas, interior do Pará. Boa parte dos pais estuda na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola, e frequentemente estão aprendendo conteúdos atrasados em relação aos seus filhos. "Eles reclamavam que não sabiam ler e não tinham estudos, por isso não podiam ajudar com a lição. Mas eu falava que só o fato de perguntar para o filho se ele está fazendo ou não já é um incentivo", relembra Taiz. Foram necessárias muitas reuniões de conscientização para a importância da tarefa. Quando conseguiu garantir o maior envolvimento das famílias, a professora investiu na principal ação para que seus alunos, do 4º ano, passassem a fazer o dever de casa: propor uma atividade criativa e interessante, conectada a sua realidade.

Assim, Taiz criou uma webquest, um site propondo uma situação relacionada ao tema trabalhado em sala de aula, com instruções para fazer, de casa, uma pesquisa orientada na internet em torno do assunto, e assim agregar conhecimento junto aos colegas de volta à classe. "A preparação deles para a aula melhorou, e por isso a participação em classe aumentou. Hoje existe a interação dos alunos, e me sinto a mediadora na sala de aula, e não mais aquela que transmite conteúdo", afirma. 

12 de agosto de 2012

Alfabetização Matemática: das letras aos números






Alfabetizar-se, na escola e fora dela, é compreender as linguagens que o mundo apresenta, para que haja uma comunicação e interação do sujeito com a realidade em que vive.Ser alfabetizado em Matemática é compreender o que se lê e escreve a respeito das noções de números e operações, espaço e forma, grandezas e medidas e tratamento da informação. A criança que ingressa na escola traz conhecimentos matemáticos informais que devem ser considerados pelo professor ao organizar sua proposta de trabalho.

A escola marca a transição de um contexto exclusivamente familiar para um outro influenciado pela cultura, com outros códigos e possibilidades de relação e a Matemática surge como porta de entrada para novas competências e estratégias próprias do mundo escolar.

Segundo Piaget, o conhecimento lógico-matemático é uma construção do sujeito e decorre de uma necessidade; ao tentar realizar uma ação, ou encontrar uma explicação para o que ocorre, o sujeito encontra
resistência na realidade (situação-problema). Para enfrentá-la, precisa modificar seus conhecimentos anteriores,pois do contrário não poderá resolver sua dificuldade. Por isso o conhecimento é um processo de criação, e não de repetição. A resolução de situações-problema é, portanto, uma estratégia que orienta e provoca aprendizagens, visto que proporciona contextos significativos de pesquisa e exploração, a partir dos quais se podem aprender conceitos, idéias e procedimentos matemáticos.

Lei de cotas por ferir autonomia de universidades federais


 
O projeto de lei 180/2008 que determina a reserva de pelo menos 50% das vagas em universidades federais para estudantes que cursaram o ensino médio na rede pública e para negros, pardos e indígenas foi aprovado pelo Senado nesta terça-feira (7).

O texto vai ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff em até 15 dias e passará a valer assim que for publicado. As universidades federais terão até quatro anos para se adaptar às novas regras, mas até um ano para adotar ao menos 25% do que a lei prevê - ou seja, terão de implementar o novo modelo de cotas em uma escala menor.

Mesmo defendendo ações afirmativas, Carlos Maneschy, presidente da Andifes, associação que representa reitores das federais, argumenta que várias universidades já adotam cotas e critica a imposição de um mesmo modelo em todo o País, o que fere a autonomia universitária em sua opinião. "Na minha própria universidade, já adotamos cotas desde 2008. No entanto, acreditamos que esses programas devem seguir o princípio da autonomia universitária. Do jeito que está, é um confronto à autonomia", afirma.

Reitor da Universidade Federal do Pará, que já reserva 50% das vagas, Maneschy elogia políticas de ação afirmativa, mas vê com ressalvas a proposta. "O projeto não olha os princípios da autonomia universitária de decidir, individualmente, seu próprio modelo de cotas. Os estados brasileiros são diversos, há especificidades que não são contempladas no projeto."

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, concorda. "A SBPC é a favor de ações afirmativas. Mas, em nome de um projeto justo, o governo está generalizando tudo o que já acontecia", diz Helena.

Governo - A aprovação da lei no Senado foi bastante comemorada pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. Segundo ela, a partir da sanção da presidente, a pasta montará um cronograma de apoio à implementação nas universidades federais. "Foi um passo extremamente importante para consolidar as políticas afirmativas no ensino superior. A aprovação da lei abre um novo caminho", avalia. O tema estava sendo discutido há 13 anos no Congresso.

Na avaliação da diretora executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o sistema de cotas só existe porque a educação básica pública não é de qualidade. "Se os resultados das escolas fossem equivalentes, não precisaríamos de cotas", argumenta. Ainda assim, a especialista afirma que a medida é um mecanismo justo para oferecer oportunidades aos que não tiveram. Já o pedagogo Hamilton Werneck é favorável à destinação das vagas contanto que seja temporária. Para o especialista, a permanência indefinida pode perpetuar o descaso com a qualidade das escolas públicas. "Para que haja democracia, temos de ter a possibilidade de acessos nas mesmas condições para todos. Essas condições ideais deveriam ser oferecidas por uma escola pública de qualidade como está expresso na Constituição Federal", considera.

Mercadante - Em meio à satisfação da presidente Dilma Rousseff e ao descontentamento dos reitores, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, optou por não comentar nada sobre a aprovação da lei das cotas. Oficialmente, ele quer primeiro conversar com a presidente, se inteirar sobre o assunto, para só então se manifestar. Nos bastidores, a conversa é outra. Entre os que trabalharam pela aprovação do projeto de lei é quase unânime a tese de que Mercadante nunca foi simpático ao sistema. Ele teria, até mesmo, pedido várias vezes que o projeto não entrasse na pauta de votação - resistência atribuída à rejeição do tema no estado de São Paulo, seu reduto eleitoral. Mas o cenário foi ficando cada vez mais propício para a votação dessa lei especialmente após a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da constitucionalidade das cotas.

Reitores - Aprovado o projeto, a quebra da autonomia universitária é a principal crítica de reitores à decisão do Senado. Para o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Walter Albertoni, a definição de 50 % é preocupante e pode resultar em queda de qualidade de ingressantes, principalmente em cursos mais exigentes, como Medicina. "Ainda não dá para saber como vai ser o desempenho com esse porcentual", diz ele. A Unifesp reserva 10% de vagas de cada curso e o desempenho dos alunos é considerado bom, segundo Albertoni.

O reitor da Universidade Federal do ABC, Helio Waldman, discorda. Segundo ele, é imprescindível porcentual como esse. "Não adianta colocar cotas pequenas. Quando se tem 10%, por exemplo, frequentemente a nota de corte é até superior ao dos não cotistas, pois essas vagas serão preenchidas por alunos vindos de escolas técnicas e colégios militares, que, em geral vêm de famílias com renda alta", diz ele.

O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, criticou a "intromissão indevida" do Congresso. "O Senado está transferindo a responsabilidade do ensino médio de qualidade, que cabe aos governadores e prefeitos, para as universidades. Estão passando o pepino", afirmou Salles. Recentemente, a UFF aprovou a reserva de 25% das vagas.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) precisará de poucos ajustes para se adequar à lei. "Nossa política de cotas é semelhante à aprovada pela Câmara", diz a reitora Dora Leal Rosa. Em vigor desde 2004, o sistema de cotas da UFBA reserva 43 % das vagas a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio - além de pelo menos um ano do ensino fundamental - em escolas públicas. Além disso, oferece 2 % das vagas a descendentes de índios. Dentro da cota, 85% são direcionadas a negros e pardos, seguindo as proporções da população baiana.

João Feres Júnior, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj, é favorável à lei. "A partir do momento em que a rede pública é valorizada, que ela se torna uma fonte de acesso às universidades federais, várias classes econômicas vão passar a procurar essas escolas e, por isso, elas serão mais vigiadas. Se atrai as classes mais altas, atrai o interesse do governo".

O economista Simon Schwartzmann, do Instituto de Estudos Trabalho e Sociedade (Iets), discorda. Ele argumenta que a entrada dos mais pobres na universidade é uma opção legítima, mas vê problemas na manutenção da qualidade. "É muito difícil manter o padrão acadêmico recebendo metade dos alunos com má formação. A universidade vai precisar lidar com dois públicos muito distintos. Ou diminui a exigência acadêmica ou a evasão será altíssima, com consequências desastrosas".

(Jornal da Ciência com agências de notícias)

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=83635

Lei das cotas deve afetar o vestibular já neste ano

Texto segue para a sanção da presidente Dilma. Reitores alegam que a medida fere autonomia universitária; Ministério da Educação não se posiciona

Estudantes realizam manifestação no Senado a favor das cotas sociais e raciais
Estudantes realizam manifestação no Senado, na terça-feira, a favor das cotas sociais e raciais (Agência Brasil)
Quem prestar vestibular no fim deste ano já poderá ser afetado pela Lei das Cotas, aprovada na terça-feira pelo Senado. O texto segue em até 15 dias para a sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta da ideia, e passará a valer assim que for publicado. As universidades federais terão até quatro anos para se adaptar às novas regras. Em até um ano, devem adotar ao menos 25% do que a lei prevê, ou seja, implementar o novo modelo de cotas em uma escala menor. Reitores criticaram a medida, alegando que ela fere a autonomia universitária.
 
A federal que promove apenas um vestibular por ano terá necessariamente de adotar esse sistema de cotas em seu exame do final de 2012 ou início de 2013. Já universidades que realizam duas provas anuais, como a Universidade de Brasília (UnB), poderão adotar o novo sistema só em meados do ano que vem.
A lei prevê que 50% das vagas de todos os cursos e turnos das federais sejam reservadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Uma parte dessas vagas deve ser dedicada a negros, pardos e índios, conforme o percentual de cada raça indicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outra parte das vagas é para alunos com renda familiar igual ou menor a 1,5 salário mínimo per capita. A maioria da universidades já adota algum tipo de ação afirmativa, mas poucas atingem 50% das vagas.

Em meio à satisfação da presidente Dilma Rousseff e ao descontentamento dos reitores, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, optou por não comentar nada sobre a aprovação da lei das cotas. Ele alega que quer primeiro conversar com a presidente, se inteirar sobre o assunto, para só então se manifestar. Nos bastidores, porém, a conversa é outra. Entre os que trabalharam pela aprovação do projeto de lei é quase unânime a tese de que Mercadante nunca foi simpático ao sistema.

Ele teria, até mesmo, pedido várias vezes que o projeto não entrasse na pauta de votação - resistência atribuída à rejeição do tema no estado de São Paulo, seu reduto eleitoral. Mas o cenário foi ficando cada vez mais propício para a votação da lei especialmente após a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da constitucionalidade das cotas.

Outro facilitador, acreditam interlocutores, foi a saída de Demóstenes Torres (sem partido-GO) do Senado, que sempre foi forte opositor das cotas e grande agregador de parlamentares. Aprovado o projeto, a quebra da autonomia universitária é a principal crítica de reitores à decisão do Senado. Representante dos reitores, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) posiciona-se contra o projeto desde que a tramitação começou.

"Quase todos os reitores são a favor de políticas afirmativas, mas as ações devem ser estabelecidas a partir da autonomia, respeitando a especificidade de cada região", afirma o presidente da Andifes, Carlos Maneschy, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA). "Aqui no Pará definimos cota de 50% para escola pública, nem haverá grande mudança. Mas fomos nós que decidimos e essa fórmula não pode ser aplicada em todas."

Para o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Walter Albertoni, a definição de 50% é preocupante e pode resultar em queda de qualidade de ingressantes, principalmente em cursos mais exigentes, como medicina. "Ainda não dá para saber como vai ser o desempenho com esse porcentual", diz ele. A Unifesp reserva 10% de vagas de cada curso.

O reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Helio Waldman, discorda. Segundo ele, é imprescindível um percentual como esse. "Não adianta colocar cotas pequenas. Quando se tem 10%, por exemplo, frequentemente a nota de corte é até superior ao dos não cotistas, pois essas vagas serão preenchidas por alunos vindos de escolas técnicas e colégios militares, que, em geral vêm de famílias com renda alta", diz.

Já o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, criticou o que chamou de  "intromissão indevida" do Congresso. "O Senado está transferindo a responsabilidade do ensino médio de qualidade, que cabe aos governadores e prefeitos, para as universidades. Estão passando o pepino", afirmou. Recentemente, a UFF aprovou a reserva de 25% das vagas.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) precisará de poucos ajustes para se adequar à lei. "Nossa política de cotas é semelhante à aprovada pela Câmara", diz a reitora Dora Leal Rosa.

Em vigor desde 2004, o sistema de cotas da UFBA reserva 43% das vagas a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio - além de pelo menos um ano do ensino fundamental - em escolas públicas. Além disso, oferece 2% das vagas a descendentes de índios. Dentro da cota, 85% são direcionadas a negros e pardos, seguindo as proporções da população baiana. 
(Com Agência Estado)

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