Tieta (Betty Faria) fala sobre preconceito e que o melhor é aceitar as pessoas como são, apesar de suas escolhas. Esse capítulo passou a mais de 22 ANOS ATRÁS (1989) e continua muito atual! Uma novela discutindo sobre homofobia contra o travesti Ninete (Rogéria) e comparando com outros tipos de preconceito. O passado às vezes continua mais moderno...
Baseado no livro Tieta do Agreste de Jorge Amado, a novela Tieta, exibida pela Rede Globo entre os anos de 1989 e 1990 e foi um estrondoso sucesso. Um trecho da novela caiu na internet, na passagem, Tieta (Betty Faria - foto) conversa sobre preconceito com seu sobrinho e amante Ricardo (Cássio Gabus Mendes). A cena mostra que o folhetim está mais do que atualizado. Os dois conversam sobre o furdunço causado pela chegada de Ninete, interpretada pela travesti Rogéria, que ao ser molestada pelo dono do bar da cidade dá um soco nele e sai do armário com uma das cenas mais emblemáticas da TV e diz: “Meu nome é Waldemar”.
“Como é que tu vai fazer uma coisa dessa com a cidade, atenta dessa maneira contra e lei de Deus?”, diz o ex seminarista e filho da religiosa Cinira para a tia com quem vem tendo um caso secreto. “Com que direito que tu enche a boca do ar e enche a boca de ar e fala nas leis de Deus. Que lei é essa? Onde que tá escrito, me diga? Por acaso Deus passou uma procuração para tu agir no nome dele?”, diz a diva Tieta. “Tieta, tu não pode achar que um homem que se veste de mulher é uma coisa normal”, diz o sobrinho. “Oxente, é a roupa que importa? É a aparência? Aos olhos de Deus é a aparecia que importa ou é o caráter?” questiona a personagem. “Não foi isso que eu quis dizer. Não é só a roupa, é tudo”. Depois os dois debatem sobre normalidade, e Tieta parafraseia Caetano Veloso: “De perto alguém é nornal?” e lembra que eles mesmos são pecadores por se amarem.
O rapaz ainda defende que os gays devem ser corrigidos, que o sexo é para a multiplicação e que o homem foi feito por Deus para a mulher, como pregam alguns religiosos ainda hoje, 20 anos depois. Tieta discursa, argumenta de forma brilhante, defende a liberdade, provoca dizendo que a Ditadura acabou, fala da quebra da hipocrisia e pede para Ricardo abrir a cabeça. Depois que o sobrinho sai, confessa para a “afilhada” que diz que também recebeu uma educação voltada ao preconceito: “Eu sei, mas é só aceitando as pessoas como elas são, é que a gente melhora, a gente cresce. Eu digo isso mas eu ainda não consegui não”. O texto da novela foi adaptado pelos escritores Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
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