Uma notícia nada animadora para quem está estudando: o estresse pode não ser tão prejudicial quanto se pensava. Segundo um novo estudo, os hormônios produzidos em situações de nervosismo fazem com o cérebro trabalhe melhor e, como resultado imediato, memorize mais dados.
Segundo o autor da pesquisa, o neurocientista Hans Reul, da Universidade de Bristol (Reino Unido), a descoberta sugere que estudar quando se está estressado aumenta a capacidade de aprendizagem.
Os dois responsáveis pelas mudanças ocorridas no cérebro são o cortisol e a adrenalina.
Esses dois hormônios parecem turbinar o mecanismo de reprogramação de certos DNAs encontrados no cérebro --processo conhecido como mudança epigenética--, que potencializa ou reduz o modo como alguns genes trabalham. E, neste caso em específico, agem sobre neurônios e os processos de aprendizagem, diz a reportagem publicada no jornal "Telegraphy".
"Frequentemente dizemos que as memórias ruins são as que ficam conosco para o resto de nossas vidas, mais do que as boas", comenta Reul. "Isso acontece por causa do papel que o estresse exerce. Do ponto de vista biológico, é importante lembrar que algo nos machucou ou nos ameaçou."
Na história evolucionária do homem, esse processo pode ter ajudado os nossos antepassados a escapar de situações perigosas, e a ação dos hormônios no cérebro --mais exatamente no hipocampo, área ligada à memória e à aprendizagem-- poderia ajudá-los a evitar essas mesmas situações no futuro.
O neurocientista, entretanto, salienta que o estresse, em algum nível, pode auxiliar na contenção de memórias, mas muito estresse pode gerar justamente o efeito contrário, além de ser prejudicial.
"Quando estamos extremamente estressados, não é possível guardar nenhuma nova informação", diz ele.
O estudo será publicado na edição da "Experimental Neurology" e apresentado durante a conferência anual da Associação Britânica de Neurociência.
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