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12 de agosto de 2011

Como promover a melhor comunicação entre o mundo adulto e mundo adolescente?



Pensar o desenvolvimento rápido dos jovens na contemporaneidade, junto ao uso demasiado das novas tecnologias, torna-se preocupação constante de muito pais e educadores. A dificuldade de lidar com diferentes temas, assuntos e cobranças, é comum a muitos adolescentes. Como pensar o comportamento do jovem e da criança frente ao possível choque de visões e conceitos de vida com o mundo adulto? Para esse debate, convidamos o Prof. Roberto Prado, membro do Conselho Superior da Assoc. Nacional de Educação Católica (ANEC) e Silvano Sulzart, que é especialista em psicopedagogia e blogueiro.

Silvano Sulzart

Com a globalização e as mudanças sociais, estamos vivendo momentos em que as relações interpessoais têm passado por uma metamorfose. As pessoas não têm mais tempo para conversar presencialmente, fazer uma visita, dialogar. Tudo termina sendo na esfera virtual. O adulto sai cedo de casa e passa todas as coordenadas para os filhos pelo telefone. Muitas das vezes estamos criando os nossos filhos sem conhecê-los e sem perceber que tudo à nossa volta está mudando; um novo contexto de relações e convivências está se configurando, pautado na virtualidade, sem cheiro, cor, sem toque e afeto, porém com muitas emoções.


Os adultos de hoje nasceram numa época em que a internet ainda não estava tão difundida, a televisão não tinha tanta influência social, o computador era uma raridade, e o mundo virtual estava ainda se configurando. O adulto necessita de um olhar atualizado e deve perceber que nossos alunos e filhos estão em um outro contexto sócio-histórico. Para entendê-los, é preciso considerar a realidade em que estão inseridos. Os adolescentes estão passando cada vez mais tempo na internet do que com a família. Possuem amigos virtuais e gostam de postar fotos, vídeos e comentários nas redes sociais. Como um adulto que muitas das vezes vive fora dessa realidade pode se comunicar melhor com um adolescente hoje?


A primeira questão a se pensar é que o adulto não deve agir como fiscalizador da vida do adolescente, porém precisa acompanhar o que esse adolescente está vivenciando; participar e partilhar saberes e informações. É importante que os pais saibam de quais redes sociais seus filhos participam e, melhor do que isso, é importante que os pais façam parte dessas redes. Muitos dos nossos adolescentes dominam as ferramentas tecnológicas e as redes sociais melhor do que muitos adultos. O que os adolescentes desejam é que os adultos que estão à sua volta interajam com eles, ajudem-nos em suas inquietações e buscas, sejam amigos e companheiros.


Outra questão importante é sempre perguntar ao adolescente coisas do seu mundo, da sua realidade, aproximar-se dele, ouvi-lo para poder interagir melhor. Nós gostamos de falar das coisas que nos dão prazer. Buscar um diálogo voltado para o que o adolescente gosta é importante, mas, para que essa comunicação aconteça, é imprescindível que você conheça seu adolescente. O que ele gosta de ouvir? Qual a sua banda/cantor favorito? Quem são os seus melhores amigos? Do que esses amigos gostam e o que ambos têm em comum? Quais seus sonhos e anseios? Quais são seus medos e angústias, valores e crenças? Depois de conhecê-lo melhor, fale, pergunte e informe as coisas de que ele gosta, motivando-o a conhecer outros caminhos e outras possibilidades.


Prof. Roberto Prado

Interessante perceber que num mundo onde a comunicação é cada vez mais facilitada, tem-se justamente mais dificuldades para se comunicar... Hoje tudo é on line, on time, imediato e visual. Celulares, tablets, notebooks, todos com câmera e microfone permitem um excesso de comunicação.

Sim, excesso! Tem comunicação demais! Pode ser sufocante! Talvez desta constatação venha a primeira resposta à pergunta-título: como tudo na vida, um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Não comunicar é ruim, mas comunicar demais também não é positivo.
Para continuar a resposta, teríamos que discutir qual é o mundo do adulto e qual é o mundo do adolescente — impossível neste espaço.

É comum ver adultos que não se preocupam nem em ouvir o que acontece no mundo jovem-adolescente. Sob alegações generalistas e preconceituosas (“só querem fazer barulho”, “não respeitam ninguém”, etc.), cortam toda e qualquer comunicação.

Outros adultos caíram na arapuca social de endeusar o novo e pretendem ser eternamente jovens — o que só os torna pseudo-adolescentes fora da idade.

Por outro lado, adolescentes não querem mais ouvir, não têm paciência com os adultos. Nada que vier deles serve, pois eles já estão ultrapassados.

É o choque de gerações, que sempre existiu, mas agora está muito mais acentuado. Como fazer a melhor comunicação entre eles?

Uma das características mais importantes no mundo atual é a compreensão das diferenças culturais. Acredito que podemos incluir nessas diferenças as que existem entre as gerações. Procurar entender, dar-se tempo de ouvir o que o outro tem a dizer. Lembrar que comunicação supõe dois lados e, portanto, ouvir e falar. Compreender. Seria um ótimo começo.

Mas não basta. É preciso compreender os papéis. O adolescente busca no adulto algumas referências, ainda que inconscientemente. Se o adulto quiser ser “bonzinho”, vai faltar quem lhe imponha regras. Por mais que o adulto esteja “ultrapassado”, o adolescente tem o que aprender com ele sim. Saber dizer sim e saber dizer não é uma dificuldade dos adultos de hoje, que atrapalham a comunicação.

Concluo e resumo com uma “resposta final” (mas não definitiva): estar aberto ao outro é a condição essencial para haver comunicação. Vou traduzir por “boa vontade”... Com boa vontade, a comunicação será certamente melhor, não? 

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Fonte: http://www.educarbrasil.org.br/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?GUID=19ef94c8-eedd-41a2-8037-3c2355a391a6&ID=208084

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