Quero te ter em minhas páginas, sentir suas andanças e aventuras. Quero poder espalhar sua história, te levar para onde eu for disse o livro a um personagem melancólico , de cor cinzenta que ainda não tinha ganhado um nome, era só uma idéia na cabeça do autor.
- Jamais estarei eu nestas linhas, você é muito colorido, e percebo que existe muitas aventuras e desafios nas suas entrelinhas, murmurou Sem Nome.
Venha para cá, deixe de besteira disse o livro, pois aqui você encontrará sossego, e sua vida de sem nome e sem destino, será somente lembranças.Em mim todo mundo ganha a imortalidade, nasce e morre e volta a nascer a cada leitura.
Isso é formidável, pensou Sem Nome, porém retrucou dizendo:
- Não gosto que fiquem sabendo quem sou, com quem ando e como sou, prefiro ficar aqui, no esquecimento, no vazio, ser assim, sem nome.
O autor, vendo tamanha discussão, pensou várias vezes, procurou em sua memória nomes, pensou em lugares, animais, frutas, juntou nomes, sobrenomes, desejou nomear o melancólico indigente, e como no passe de mágica, chamou da sua imaginação o personagem, fez dele o protagonista de uma historinha que iria iniciar e deu-lhe o nome de Esperança.
Ao serem digitadas as palavras E, S, P, E, R, A, N, Ç, e A que fluíam da mente para os dedos, dos dedos para o teclado, do teclado para a tela, e no vai e vem, virou tinta no papel. Esperança mudou de cor, era agora parte do livro, de uma história a ser contada, de um conto que iria ser escrito. Orgulhou-se por saber que, de indigente passaria a ter nome e sobrenome e poderia virar best-seller como os Livros de Andersen, porém ficou triste, pois não desejava ter o fim do Soldadinho de Chumbo, nem da Sereiazinha.A empolgação era tanta, que Esperança pensou que poderia virar filme, porém o autor escreveu somente umas poucas linhas e deu Esperança para que outras pessoas ao lêem a história, pudessem escrever suas próprias histórias de vida.Esperança amou a idéia e convidou todos os leitores a narrarem as suas melhores leituras e suas histórias.
Os livros foram criados para os leitores, e Esperança se orgulhava-se só em saber que alguém, em algum lugar iria abrir livros e descobrir que mesmo na melancolia e em paginas cinzentas e frias existem vida, força e muitas histórias. Qual é a sua!
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