“Com as novas tecnologias, o ensino da letra cursiva foi considerado ultrapassado e será opcional nos Estados Unidos. No Brasil, o uso da letra de mão tem perdido relevância na escola”.
O texto acima foi capa, neste último dia 18 de julho, do jornal O Estado de São Paulo. A mesma matéria noticiou que na Ásia, os estudantes não costumam aprender a letra de mão quando estudam inglês, francês e outras línguas ocidentais. A maioria dos japoneses e chineses é capaz apenas de ler o que está escrito em letra de forma, sem compreender a letra cursiva.
A letra cursiva, ou de imprensa, tem perdido terreno para as novas tecnologias. E ao lançarmos nosso olhar para o mundo do trabalho passamos a entender que bilhetes e assinaturas em documento oficiais já se tornaram exceção à regra. O comum é nos comunicarmos através do computador, smartphones, tablets, assinaturas eletrônicas… Não se pode mais desconsiderar o fato de que o mercado de trabalho é dominado pela tecnologia. O que nos leva a refletir que o uso da letra de mão está ficando a cada dia mais restrito à escola.
O tema é controverso. Para alguns especialistas em educação, a letra cursiva não pode ser abandonada em razão de sua fluência. Pois, a rapidez que essa forma proporciona na hora de escrever nos permite tomar notas importantes durante situações em que a tecnologia não esteja disponível. A letra de mão, tecnicamente chamada de amalgamada, ainda é uma exigência, quer seja em provas, vestibulares ou concursos públicos. Ademais, não se pode escrever tudo em maiúsculo, pelo simples fato de que incorreria em erro ortográfico. Faça uma experiência, tente corrigir uma redação cujo autor dispensou o uso da letra cursiva pela de forma (ou bastão), toda em maiúsculo. É sofrível.
Luiz Carlos Cagliari, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, acredita que a escrita manuscrita, inclusive a cursiva, não irá desaparecer das instituições de ensino, tampouco da vida das pessoas na sociedade. No entanto, a evolução nos forçará a nos adaptarmos. A escola deverá cada vez mais usar computadores para todas as atividades de escrita, desde a pré-escola. Para Cagliari, será uma vantagem cultural o indivíduo dominar todas as formas.
A revista Gestão Educacional, em artigo assinado por Yannik D’Elboux, aprofunda o tema ao apontar que há um consenso no que se refere à coordenação motora. Isto é, todos são unânimes em dizer que não existe uma perda de coordenação no desenvolvimento do aluno que não pratica a escrita cursiva. Uma vez que esta capacidade é aprimorada em diversas outras atividades. Aliás, Geraldo Almeida, professor da UFPR, neste mesmo artigo nos diz que a coordenação motora fina da ponta dos dedos costuma ser bem exercitada na escola, em razão da familiaridade das novas gerações com o teclado.
Se a letra cursiva é mais eficiente, porque não tira o lápis do papel ao fazermos um apontamento, digitar um texto é, por outro lado, pensar no meio ambiente. É estar conectado a um grande número de pessoas numa fração de segundo, ou mesmo obter “a” informação no momento em que a necessidade se faz presente… Seja como for, teclar é uma tendência. Alguém duvida?
Luciano Borges – Professor e Psicopedagogo - www.lucianoborges.com
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