O Jornal Nacional fez, essa semana, uma blitz na educação. Foram cinco cidades sorteadas, uma de cada região brasileira, que receberam a visita da equipe do JN no Ar. Neste sábado (21), você vai ver um balanço: o que pode ser feito para melhorar o nível do aprendizado nas salas de aula.
Uma semana de viagem, 8.529 quilômetros percorridos, cortando o país de Norte a Sul, Leste a Oeste. Cinco paradas e muitas lições sobre educação apreendidas. O especialista Gustavo Ioschpe acompanhou a equipe em todas as visitas. Conversou com professores, diretores, estudantes. Anotou tudo, tirou lições, confirmou estudos. Tudo visto de perto.
Em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, uma escola com limpeza, disciplina, organização, cuidado com as crianças. Dá para entender por que tirou uma nota boa, 6,6.
A diretora Maria Valfried Weber recebeu a todos, atenciosa. E, junto com ela, a equipe foi descobrindo o que faz a diferença na escola. Ela quer ampliar as aulas em mais duas horas. “O desafio é em busca de mais qualificação”, contou ela.
Na outra escola, uma situação constrangedora de descaso. “Não vou te dizer que realmente os vidros quebrados não fazem a diferença, porque fazem”, contou a professora Neuza Beatriz Beohs.
“Mesma cidade, mesma rede, e mundos tão diferentes. Uma escola que não tolera o fracasso e outra que parece não acreditar no sucesso. Uma escola que faz de tudo para atrair a família e outra que só se lembra da família quando é para culpá-la por seus próprios problemas”, avaliou o especialista.
Próxima parada, Vitória, no Espírito Santo. A história de dois meninos da mesma idade chamou a atenção. Lá conheceram Ezequiel, de 14 anos. Apesar da idade, ele ainda está no 3° ano. “Não fiz a tarefa de casa porque eu estava trabalhando”, contou ele.
Adallos está cursando o 8° ano do ensino fundamental na escola com o melhor índice de desenvolvimento medido pelo MEC, 6,5. “Matemática eu tenho um pouquinho de dificuldades, mas dá para superar tranquilo”, disse ele.
“Vontade é importante. Mas ela precisa ser complementada pelo preparo”, destacou Ioschpe.
Em Caucaia, no Ceará, o primeiro encontro com uma escola rural. Oficialmente a escola tem três salas. Mas uma é improvisada na entrada e, durante a visita da equipe, estava vazia. As outras duas salas são ocupadas por várias turmas e alunos de diferentes séries e idades. “Chegamos atrasados porque viemos a pé porque o carro não está passando, a estrada está ruim”, contou um dos alunos.
E na cidade, uma escola com boa estrutura. “Uns já escrevem, outros não. Eu faço a produção coletiva oral e depois, em seguida, eles copiam”, explicou a professora.
“Sem organização fica difícil. Em Caucaia, a gente viu o contraste de uma escola em que o aluno não consegue nem chegar e outra em que os alunos têm uma agenda das atividades do dia e material didático na própria aula”, destacou o especialista em educação.
O voo seguinte do JN no Ar foi em direção à região Centro-Oeste, em Goiânia. E um velho ditado mostra que vale também para a educação: as aparências enganam.A visita foi durante a hora do recreio, mas até durante esse tempo havia organização e disciplina com fila e controle. Na outra escola, a hora deveria ser de aula de matemática. Mas o professor diz que a bagunça da turma do fundo impede que os outros prestem atenção.
Uma tem melhores instalações. A outra é mais simples e fica em um bairro pobre. Mas é aí que caem por terra todos os preconceitos. Foi a escola do bairro pobre que obteve a maior média entre todas as visitadas pela blitz até agora: 7,1.
“Para trabalhar, o aluno tem que ter disciplina. Se não tiver disciplina, como que a gente trabalha com a criança?”, questionou a diretora Maria de Fátima Silva.
“Em Goiânia, nós vimos que a gestão é definitiva. Uma escola foi usada pela sua antiga diretora para alavancar uma carreira política. Na outra escola, uma diretora comprometida e guerreira pegou uma escola à beira de ser fechada e transformou ela em uma escola de primeiro mundo”, lembrou Gustavo Ioschpe.
No último destino da blitz de educação, Belém do Pará, infelizmente uma realidade diária de muitos estudantes no Brasil: a convivência com a violência e a falta de aula com greve de professores.
As aulas começavam às 7h30 e, às 8h, os professores ainda não haviam chegado. “Acredito que eles não vão vir”, contou a diretora Marluce Matos.
“Um novo verbo: grevar. Em Belém tem tanta greve que a aula começa em abril e, em maio, já tem outra paralisação e os alunos não são nem avisados. A gente vê que a escola sofre violência, mas a escola também comete violência e torna o seu aluno vítima”, afirmou o especialista.
A nosso pedido, o especialista em educação Gustavo Ioschpe fez uma lista de dicas para pais e estudantes: o que funciona, ajuda no aprendizado, o que atrapalha. Tudo confirmado pela no blitz da educação do JN no Ar, portanto preste atenção:
Exemplos de práticas positivas para a educação: passar dever de casa; professor com formação na área em que ensina; imposição de método, rotina e gestão em todas as aulas; comprometimento dos educadores com o sucesso; uso de material didático como apoio; fazer provas com frequencia e monitorar o aprendizado; e disciplina.
Exemplos do que prejudica o aprendizado: aluno que trabalha e estuda; distância da escola; indicação política do diretor; falta de professores; e indisciplina.
“Essa diferença entre as escolas só reforça a ideia de que a relação entre a família e a escola não termina quando o filho é matriculado na escola. Pelo contrário, é só o começo. O pai tem que ver se a escola do filho está efetivamente ensinando, tem que ajudar, tem que cobrar, tem que fiscalizar. Porque educação de qualidade não é um favor que o Estado e os governantes fazem para os pais e para os alunos. É um direito que todo cidadão brasileiro tem”.
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